4.6.07

Homem invisivel

Sentei-me num banco da avenida,

a observar esta cidade que se diz evoluída.

Vejo a sociedade que, a tentar sobreviver,

já perdeu, há muito, a capacidade de ver...

Caminham todos, na pressa dos seus afazeres.

Caminha tu como eles para veres

como os Homens já não sabem parar para olhar

Apenas passam a vida a caminhar...

E, no meio desta multidão,

vem-me aos ouvidos uma canção...

Um pedinte está ali sentado no chão,

canta alto e estende a mão.

Todos passam e muitos nem o vêm...

Os Homens têm olhos mas parece que não os têm!

Apenas passam, passam sempre na mesma avenida...

Não vêm o homem invisível

ou chamam-lhe maluco por cantar para a vida...

Todos passam e alguns riem-se do pobre homem louco.

Outros mandam-lhe uns trocos mas é sempre muito pouco.

Mas ele canta alegre, como se fosse feito de felicidade...

Só eu vejo o homem invisível aqui, no meio da cidade.

Todos vêm o vagabundo na margem mas eu vejo-o no centro...

Todos vêm-no alegre mas eu sei que o homem invisível chora por dentro...