26.4.07

PS

Quando paramos para pensar, é quase inevitável questionarmo-nos pela razão da nossa existência.
Sabemos que vivemos segundo a nossa consciência. O nosso medo é perdermo‑nos na escuridão e o nosso conforto é conseguir ver uma estrela e pedir-lhe um desejo. Mas ainda que ele não se realize, ficamos eternamente à espera, não sentados, mas culpados, desiludidos, iludidos. Onde param os verdadeiros?
Fui eu quem fiz as minhas escolhas. A minha raiva vai ficando entregue a folhas, ora por palavras ora por traços, seguindo um pequeno instinto ordenado. E mais uma vez paramos para pensar e ouvir.
O nosso passado foi muito deambulado e influente. O tempo vai passando. E quando é altura de começar a construir o presente sentimos na pele que milagres não existem (se existem, então deixo para os outros conquistarem).
E então sentimos que é altura de arranjar um esconderijo. Sem nunca nos esquecermos da janela do teto, das estrelas e da lua. O refúgio é a noite, o sono e o sonho. E quando acordamos, o reflexo é abrir a janela. Mas sempre nos esquecemos da claridade do dia que nos consegue cegar e da vertigem do seu silêncio. Lembramo-nos dos que fomos abandonando, mas dos quais nunca nos esquecemos. Dizemos alto, com esperança que eles nos ouçam, que por aqui está tudo bem, apesar de presa a sentimentos antigos e a novos, que com receio nem tentamos alcançar.Ainda não desisti, mas não posso ser melhor que o meu tempo. Agora que regresso à casinha com a janela no tecto e, espero, que o dia tenha partido, fico espantada com as coisas que vi, sem dialéctica, coisas fugidias, esboços apagados.