30.6.07

Sinceridades

Isto é o que tenho para te dizer.

Tenho dito que o destino me grita ao ouvido, mas eu tremo de medo. É de ti que tenho medo. Ver-te faz-me subir a um lugar que desconheço e onde não tenho vertigens, mas quando a minha mente trabalha à noite eu desço à terra e a razão abre-me os olhos. Tenho medo de ti, de te ver desaparecer. Tenho medo de ti, de que me recuses. É só de ti que tenho medo.

Decorei-te os passos, cada gesto teu, a forma como colocas os pés no teu andar. Baixas a cabeça, tímido, abre os olhos. O casaco sobre o ombro direito, que aconchegas sempre que estou por perto. As mãos nos bolsos, o sorriso escasso... Tomara arracar-te um um dia destes. Um sorriso, desses que reservas para poucos, que irradiam mais mistério e entusiasmo do que aqueles que me despertas.

Sempre sozinho, sempre contigo, revelas-te pouco. Não sei se queres ser discreto, se tens medo dos outros, se te sentes pequeno. És algo raro, meio deslocado do nosso mundo. E estás tão perto de mim... tão perto que já te senti o perfume, a respiração, já me sussurraste em silêncio...

Dizem-me que sim, que sonho alto, alto e bem. Que tu estás mudo de vergonha de me encarar. Que me queres revelar-te, mas que és um totó (literalmente) que nunca há de lutar por si. E não sei. Não sei mesmo, mas partilho esta certeza com a incerteza. Ela diz-me para ouvir a razão. E a razão tem mais poder sobre mim do que o que me dita a emoção. Por causa do medo...

Os teus olhos procuram os meus, mas nunca se veêm. E todo tu mudaste e estás igual. Igual ao que eu quero que sejas. E quero que sejas mais meu do que qualquer outro objecto que possuo. Serei justa contigo, dar-te-ei o espaço que precisas, mas quero roubar-te o coração sem qualquer escrúpulo. Quero que me tenhas cativa no teu mundo, que penses em mim todas as noites, que sonhes comigo e me procures. Dar-te-ei o ombro, dar-te-ei a alma. Dar-te-ei tudo o que me pedires.