1.4.07

Encarcerado

Encarcerado não posso fugir...
Também não consigo dormir.
Ouço o som dos ferros
afogado pelos meus próprios berros...
Algemas sem respostas,

correntes marcam-me as costas,
manchas de tempo, de sangue na parede...
Bebo sonhos e morro de sede.
Vejo as estrelas pela janela,
deitado no escuro da minha cela...
Não caías, mano, aqui não há luz,
Hoje Satã fuma com Jesus,
Estou preso e enjaulado...
Inocente ou culpado?
Diário da vida dum encarcerado...




Estou encarcerado e não me deixam sair.

Nunca aqueles portões se vão abrir...
Encarcerado só penso em fugir...

Encarcerado no mundo em que vivo,
sorrio todos os dias sem motivo...
Encarcerado, chama-me fugitivo!




Neste mundo sou forasteiro...

Encarcerado, o dia inteiro,
as paredes cercam-me o corpo.
Estar vivo e sentir-me morto...
Ferro contra carne, a agonizar...
Sem asas não me deixam voar.
Chama-me anjo negro caído.
Preso, encarcerado, perseguido
por fantasmas de rascunhos.
Preso pelos punhos,
cordas de medo rasgam-me a pele...
Dá-me uma caneta, uma folha de papel.
Dou-te tudo o que tenho, é mesm´assim...
Já conheci o início, mostra-me o fim.
Encarcerado, não há fuga para mim...




Estou encarcerado e não me deixam sair.

Nunca aqueles portões se vão abrir...
Encarcerado só penso em fugir...

Encarcerado no mundo em que vivo,
sorrio todos os dias sem motivo...
Encarcerado, chama-me fugitivo!


Chama-me fugitivo...